sábado, 26 de março de 2011

http://aventar.eu/2011/01/23/as-razoes-da-abstencao/

As razões da abstenção
Publicado em 23/01/2011 por A. Pedro Correia
Para uns são os mortos, para outros o frio, para outros o desinteresse.

Tudo isso contará um pouco, mas a verdade é que a tendência para o aumento da abstenção resulta de um divórcio, de uma má relação, de uma falta de confiança, de um descrer.

Independentemente dos poderes do PR (as outras eleições enfermam do mesmo) os portugueses não crêem que o ato de votar valha a pena, não acreditam que traduza a manifestação da sua vontade, que mude a situação. Por outras palavras: não se sentem representados e vêem o voto como inútil.

Outros, muitos, sentem-se ultrajados. Entendem que mereciam melhor, que o país mereceria outra coisa. Mereceria melhores cidadãos? Claro, mas sobretudo melhores políticos, mais ética, menos vileza. Políticos mais responsáveis, menos mentirosos, menos imediatistas, menos vendidos.

A abstenção resulta principalmente da descrença absoluta nesta classe política medíocre, sem grandeza nem clarividência, incapaz de cativar o cidadão para a coisa pública, para o interesse colectivo (a que outros chamam nacional). O cidadão, aliás, não acredita sequer que a dita classe esteja, ela própria, cativada pela coisa pública ou pelo interesse colectivo ( ou nacional). Daí ao divórcio vai um passo.

E o passo foi dado numa campanha sem chama, sem ideias, sem rasgos, sem algo ou alguém em que crer. No entanto, hoje à noite, a classe política que nos desmotiva será perguntada sobre as razões da abstenção. As respostas serão os mortos, o frio, o cartão de eleitor e outras menoridades e malabarismos.

Ora, a abstenção deve-se, precisamente, a esse tipo de respostas.

Sem comentários:

Enviar um comentário